Testemunho | Newark EUA
- Viagens de Saltos Altos
- 27 de jan. de 2019
- 3 min de leitura
Hoje partilhamos o testemunho de Angélica, com 31 anos, que em 2008 decidiu partir em busca de novas oportunidades fora de Portugal. Angélica fala-nos da sua experiência, do que custa deixar para trás, das vantagens que existem em partir e deixa um conselho para quem está na iminência de tomar uma decisão que provavelmente mudará a sua vida.

A América foi a escolha para emigrar por dois motivos: a mãe também já tinha emigrado para este destino e o seu marido, na altura namorado, é cidadão americano.
Nascida em Baião, viviam no Marco de Canaveses antes de partir e o que nos levou a emigrar foi a inexistência de oportunidades de trabalho em Portugal.
Vivem há quase 11 anos na cidade de Newark, no estado de New Jersey, sendo vizinhos de Nova Iorque.
A adaptação não foi assim tão difícil quanto esperavam, pois na cidade de Newark têm um pequeno Portugal: desde restaurantes, a padarias e supermercados são portugueses, com funcionários portugueses e onde a língua portuguesa é o idioma que vinga. Apesar de longe de casa, isto faz com que se sintam continuamente ligados a Portugal.
Quando questionada sobre a mudança radical na sua vida, Angélica recorda que foi uma mudança realmente grande, marcada pela transição de adolescente para adulto, o que foi especialmente muito difícil no início, pois sentia falta da sua família, dos amigos, das rotinas e das coisas que conhecia, sendo que predominava o medo do desconhecido e de que as coisas não corressem como o esperado.
Depois do primeiro ano as coisas começaram a fluir e tornaram-se mais fáceis. A língua já não era uma barreira tão grande quanto no início, o desconhecido passou a ser o seu dia a dia.
Passaram por vários tipos de empregos e tiraram pequenos cursos.
André, o meu marido de Angélica, tirou um curso de panificação, e do qual desenvolveu a profissão que tem até hoje. Já Angélica, tirou um curso de maquilhagem, mas trabalha como assistente médica já há 5 anos.

Entretanto casaram e constituíram família. Veio a pequena Amélie.
A vida mudou de novo, segundo Angélica. Amélie, que tem agora 18 meses, capta toda a atenção do tempo que resta após o trabalho. No entanto, apesar do tempo para lazer ser reduzido, sempre que têm oportunidade tentam conhecer uma nova cidade, um novo restaurante ou um país diferente.
Recordando o tempo que chegou, Angélica diz que foi sempre muito bem recebida e sente a América como um país muito acolhedor.
Para viver e trabalhar Estados Unidos da América, alerta que é necessário um visto de trabalho ou o cartão verde, e que para tal existem várias maneiras de os obter. No seu caso, conseguiu o cartão verde e depois a cidadania através do casamento, com o seu marido, cidadão americano deu, legalizando-se assim através dele.
Relativamente à educação de Amélie, Angélica e André escolheram uma ama para a primeira fase e planeiam aos 3 anos que ela vá para a escola do bairro onde vivem, onde irá aprender a falar inglês, sendo que em casa só falam português. Posteriormente planeiam que a mesma frequente uma escola Portuguesa, em modo extracurricular.
Acerca do país, consideram um país seguro, sendo que o nível de segurança pode variar consoante as cidades e áreas onde se vive.
Quando questionada sobre o American Dream, Angélica confirma que é realmente um país de oportunidades. No que diz respeito ao seu próprio sonho, a mesma confidencia que ainda está a trabalhar nele.
O custo de vida é sem dúvida mais elevado que em Portugal, dando o exemplo de que uma renda mensal de um apartamento T1, por exemplo, ronda os $1100 (965€ apróx.) e, de um T3, por volta de $1700 (1500€ apróx.). As utilidades também são mais caras. Na sua experiência, diria que para se viver nos EUA de um modo confortável, um casal tem que auferir semanalmente de um salário de $1000, sendo que de outra forma se torna difícil pagar todas as contas mensais.

Sobre Portugal, a mesma afirma que o adora e que é seu desejo voltar a casa.
Estar longe da família e amigos com quem cresceu e viveu toda a sua adolescência é sem dúvida a sua maior dificuldade, mas foca-se nas vantagens que esta mudança já lhe proporcionou: aprendeu uma língua nova, uma nova cultura e usufrui de oportunidades que este país lhe oferece que, infelizmente, em Portugal não tinha.
Por último, deixa ainda um conselho para aqueles que planeiam deixar a terra mãe: "nunca deixem de viver por receio. Façam os possíveis para se sentirem em casa, foquem-se em rodearem-se de bons amigos e pessoas com quem possam partilhar momentos especiais".
Testemunho escrito por Angélica,
editado por Viagens de Saltos Altos.
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